Por Wagner Amaral
“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns;
antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”
(Hebreus 10.25).
Que motivo levaria o autor aos hebreus a fazer tal
exortação? Evidentemente, o fato de alguns, por razões diversas, não
congregarem. Pois bem, quais seriam as razões para o afastamento? Você consegue
enxergar razões para o afastamento, e a não cooperação? O que levaria ao
esfriamento espiritual?
Há razões aceitáveis, e recomendáveis para o afastamento,
como o desvio herético e doutrinário. Mas, até nesses casos, o afastamento deve
ocorrer após sérias e corretas tentativas de mudança. Há, ainda, a razão de não
se adequar ao estilo da igreja (sem nenhuma agressão aos princípios
eclesiásticos expostos nas Escrituras); nesse caso o indivíduo deve mudar de
igreja e não lutar para mudar a igreja.
Há as razões equivocadas para o afastamento, como o estar
chateado com algum irmão (Mateus 18.15ss); ou o discordar da decisão da maioria
(Atos 16.4-5; Filipenses 2.1-4); ou o discordar em algum aspecto da liderança
(Hebreus 13.17); ou mesmo ter sido preterido em alguma escolha (Filipenses
2.5ss). Provavelmente algumas destas compunham as razões que levaram os hebreus
a se afastarem do convívio da igreja. E, por isso, o autor da epístola os
exorta, mostrando que não são razões aceitáveis para o afastamento.
Mas, quero destacar algumas das principais razões que levam
crentes a se afastarem de suas igrejas; e, consequentemente, do Senhor.
1. Pecado.
Escondido, secreto, criado, alimentado, e não confessado ao
Senhor. (Hebreus 3.12-13) Isto esfria a alegria, e faz a pessoa valorizar as
falhas e erros, mesmo quando estas verdadeiramente não existem. Exemplos: (1) A
pessoa tem inclinação à infidelidade, e, então, procura erros para não dar os
dízimos e as ofertas. (2) A pessoa tem inclinação a não ser assídua e
participativa, e então, procura razões para não estar sempre nas programações.
Por que a pessoa age assim? Porque é uma forma de esconder, ou de diminuir seu
próprio erro. É uma tentativa de enganar a própria mente. Por isso a exortação
para renová-la (Romanos 12.1-2).
2. Hipervalorização do “eu”.
Quando a pessoa se vê superior às outras, e acha que merece
ser priorizada quanto às suas sugestões, escolhas, etc. Quando a pessoa tem
cuidado exagerado com sua imagem, e não admite ser preterida, crendo que assim
está sendo exposta ao ridículo. Quando a pessoa tem dificuldade de convivência,
não sabendo ouvir; mas exigindo ser ouvida. Não sabendo ajudar, contribuir; mas
exigindo participação efetiva dos outros diante de algo que comanda. Encarando
tudo como pessoal – se alguém foi contra a alguma ideia, é contra a sua pessoa;
logo, muda, inclusive, sua forma de agir para com ela.
3. Imaturidade.
É quando a pessoa não tem razão específica, não tem sequer
argumentos; mas é contra. Não se dá nem a experimentar aquilo que está sendo
proposta; simplesmente é contra. O esquisito é que você pergunta o porquê, e as
respostas normalmente são: porque é errado; não é bom; não é legal; vai
atrapalhar; etc. Nada realmente com conteúdo e que processe reflexão para, quem
sabe, uma mudança de rumo. E o pior é que tendem a ser exagerados, buscando
fortalecer sua posição: Não dá certo, todo mundo acha; a igreja inteira, quando
na realidade é ela, ou talvez mais duas ou três pessoas. (1Pedro 3.8-12).
4. Visão errada do motivo pelo qual vivemos, agimos e
cultuamos.
“E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação,
fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. Tudo quanto
fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens”
(Colossenses 3.17, 23). Nossa motivação é o Senhor. Não pode ser alguém, a
instituição, ou a estrutura administrativa; pois, neste caso incorremos em dois
erros: (1) Errar no alvo de nossa adoração e dedicação. (2) E certamente se
decepcionar em algum momento, pois seres humanos, e tudo aquilo que criam possuem
falhas. Dessa forma corre-se o risco de perder a motivação.
A maturidade espiritual está em não precisar de razões
terrenas, falíveis e passageiras para adorar ao Senhor, servindo-o com
dedicação. O meu servir, o meu dizimar, o meu ofertar, o meu congregar, o meu
participar, tudo é minha forma de adorar ao Senhor; por isso, devo procurar
fazer sempre o melhor, pois é para Ele.
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