"Um blog que discorre sobre cristianismo, apologética, cinema e outros assuntos desinteressantes..."



segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Nos Cinemas: Bravura Indômita




(True Grit, Joel & Ethan Coen, 2010)

Mais um acerto dos Coen e meu oscar fave até agora. Os caras não tentam reinventar a roda, fazendo um western simples, sem arroubos de pretensa genialidade, contudo acabam sendo geniais brincando de forma sutil com as características do gênero. Filmando de forma classuda, os diretores entregam uma obra que cresce com a atenção aos detalhes (em especial, para as questões culturais de cada personagem, maneiras de falar, gírias, etc.).

E, como todo bom faroeste, os personagens não são poupados e sua ambiguidade moral exige um preço. Aliás, é bastante interessante observar a jornada da garota que vive citando referências bíblicas mas esquece-se de Romanos 12:19. E ainda é permeada pela belíssima trilha de Carter Burwell que toda vez que enfoca a protagonista, traz a sua leitura de algum hino do cantor cristão. É dramático, por vezes amoral, subitamente violento e melancólico, especialmente no final na longa sequência de cavalgada. Jeff Brigdes cria um Jack Sparrow do velho oeste, o crápula desgraçado engraçado que mostra, na hora certa, que tem um coração de ouro.

Em suma, uma delícia de filme que se mostra ainda mais belo pela fotografia do Deakins, estupendo como sempre. E se a jovem Hailee Steinfeld continuar do jeito que está, essa guria promete.

5/5

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sessão Cinema: ...E o Vento Levou (Victor Fleming, 1939)



Existem três tipos de filmes: a) os que não envelhecem e mantém o seu frescor; b) os que envelhecem e se tornam datados, tornando-se "impróprios para o consumo"; c) os que envelhecem, mas o fazem com tanta classe que é como se não tivessem envelhecido.

Penso que ...E o Vento Levou se encaixa na terceira categoria. Talvez a sua popularidade seja o fator principal para ter tornado o filme tão "velho" quanto à história que narra. Sim, pq o espetáculo todo é montado dando a impressão não de um filme de 1939 mas de um filme que parece ter sido feito em 1870, mas tal impressão vem da idéia nossa de que se trata de um filme "velho", não que isso possa ser visto de forma clara no próprio filme... Bem... mais ou menos. Costumo dizer que ...E o Vento Levou é a maior e melhor NOVELA da história do cinema. Melodramático no último, encontros e desencontros novelescos, tragédias à rodo, juras de amor impossível, trilha melosa e onipresente, enfim, todas as convenções que são tão comuns aos folhetins percorrem os 222 minutos incansáveis do longa (e que longa)...

Mas a boa é que tudo isso trabalha em prol do filme. E o Vento Levou é o ápice do que significa a palavra "espetáculo". Mesmo nas limitações do aspecto 1,37:1 o filme é grandioso do início ao fim. É literalmente o tirar o expectador deste nosso mundo e inserí-lo por quase 4 horas em outro mundo. Apesar de sugerir ser cansativo devido à longa duração, o filme engata a quinta marcha logo de cara e inúmeras situações vão se desenrolando no decorrer de mais de 10 anos em que o expectador acompanha a queda silenciosa, mas brutal de Scarlett O'Hara, a heroína-vilã que amamos odiar.

Aliás, por falar na protagonista, é de inteira justiça afirmar que o filme pode se resumir a duas palavras apenas: Vivien Leigh. No papel da garota mimada, arrogante e desejada por todos os homens exceto por aquele que ela mais ama, a atriz é a ALMA do filme. Ela o leva nas costas (e o expectador também) e sem ela, o filme jamais teria a força que tem inclusive para sobreviver 70 anos bem e belo, como tem sobrevivido.

Enfim, uma amostra de como Hollywood já produziu entretenimento saudável, sem ser apelativo, sem soar intelectual demais, sem ser imbecilizante.

5/5

(revisto em DVD em fevereiro de 2010)