"Um blog que discorre sobre cristianismo, apologética, cinema e outros assuntos desinteressantes..."



segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Show tem que acabar

Por Samuel Torralbo

A simplicidade e a praticidade do Evangelho são eventualmente mal interpretadas por muitas pessoas, porque a alma humana é por natureza ritualista e mistificada.

O significado do alcance da graça de Deus em Cristo Jesus torna-se insuportavelmente divinos demais, pelo fato de abolir as barganhas, as performances e os rituais humanos. De modo que, na ausência de discernimento, sutilmente o culto que por direito pertenceria a Deus, torna-se de fato um culto a personalidade humana.

Não quero confundir excelência no culto (o que deve sempre ser buscado) com espetáculo religioso (que ovaciona o ego humano). De modo que, pelo fato, de Deus ser excelente, o culto deve ter no mínimo quatro aspectos em seu caráter:

1) Caráter espiritual: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” Jo 4.24

2) Caráter Organizacional: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem.” ICo 14.40

3) Caráter Funcional: Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.”I Co 14.15

4) Caráter fundamental: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração.” Col 3.16

Dentro desses princípios básicos de um culto a Deus, certamente muitas habilidades, dons e talentos serão perceptivos na congregação cristã, de modo que, é necessária a lembrança de outro principio que também abrange o culto – “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo…” Gl 6.14

Portanto, o culto apresentado a Deus que se manifesta na expressão do espírito em verdade, na exposição da palavra de Cristo, na ordem e na decência, no entendimento, nos cânticos e nos salmos, tem como único alvo a adoração a Deus e a edificação da Igreja de Cristo. Nisto, não existe espaço para a glorificação, exaltação, ou promoção de qualquer personalidade humana.

Porém, infelizmente, muita confusão existe por causa do desconhecimento bíblico do modelo de um autentico culto a Deus. E com isso, o culto passa a dar lugar ao show, entretenimento, espetáculo, e ambiências que descaracterizam o significado de um culto a Deus.

Observo que, o culto essencial a Deus precisa ser resgatado e mantido pela Igreja, enquanto que, o show religioso precisa acabar.

O show das performances humanas precisa acabar, para que, novamente o poder do Espírito Santo possa operar.

O show das palavras de motivação e autoajuda precisa acabar, para que, a palavra de Deus possa gerar arrependimento e mudança nos corações.

O show de lideranças amantes de si mesmas precisa acabar, para que, verdadeiramente pessoas venham ser conduzidas no Evangelho.

O show das experiências mistificadas e pagãs precisa acabar, para que, o Evangelho simples e puro venha transformar vidas.

O show da disputa de poderes institucionais religiosos precisa acabar, para que, a o poder do Evangelho seja a centralidade da vida cristã.

O show das teologias fundamentadas no materialismo e egoísmo precisa acabar, para que, a essência das escrituras possa ser desfrutada e vivenciada na pratica da vida.

O show precisa acabar… e o Evangelho de Cristo, precisa avançar!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Nos cinemas: Thor

(Thor, de Kenneth Branagh, EUA, 2011)

O filme é bacana e.... só. O Branagh se sai bem quando foca o conflito familiar aspirando seus filmes adaptados de Shakeaspeare, mas parece sucumbir ante à vontade da MARVEL de fazer deste filme algo maior do que é, o que também é uma contradição, já que toda a estrutura do filme denuncia um grande 1º ato de 114 minutos de algo maior que virá a seguir - como provam os créditos finais.

Também tem me enchido o saco uma sensação estranha e constante nesses últimos filmes de heróis (Homem de Ferro incluso) onde o fator "fast food movie" - filme de consumo até bom às vezes, porém rápido, esquecível - parece se impor sobre todo o conjunto, como se filmes, ainda mais sobre heróis de HQ, não fossem algo a ser saboreado com impacto permanente, que deixa uma marca em quem assiste (e aí vai o primeiro Superman, o primeiro Batman, os X-Men, até o Homem-Aranha), mas apenas e tão somente causar uma excelente porém efêmera impressão. É como comer um BigMac: enquanto você está comendo, é uma delícia. 2 horas depois vc nem lembra mais o gosto dele. Sinto que isso é péssimo e em 10 anos ninguém mais vai lembrar de Thor, Homem de Ferro, Capitão América e outros... Não desses filmes feitos agora, pq até lá, todos já terão sido refeitos. Pra mim isso é péssimo. E o pior: é como se eu sentisse que os filmes desses heróis feitos hoje já abrissem espaço para remakes e sequências sem fim. Não há mais lugar para obras marcantes que deixam seu rastro na história do cinema. Triste.

3/5

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Insatisfação: um bichinho que azucrina

 



Por Franklin Rosa



“Assim que, tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; porque, quem o fará voltar para ver o que será depois dele?” Eclesiastes cap. 3 vs. 22
 
 
O texto que lemos acima parece ser a resposta de quem encontrou a solução e explicação para o vazio que se sente quando não se sabe qual é o sentido da vida, mas na verdade, é o grito da alma que ainda clama por socorro em meio a crises de significado.
Dá pra conceber e conciliar, uma pessoa com um alto grau de realização pessoal como foi Salomão, com o sofrido enredo que agora sai das “penas” da sua angústia para as páginas da Escritura?!

Um cara bem sucedido financeiramente, arrojado politicamente, servido dos mais diversos amores, cercado pelos melhores prazeres que a vida podia lhe oferecer, reverenciado por seus pares e respeitado por seus díspares, herdeiro do monarca mais aclamado por toda nação, mas que numa viagem profunda de confronto entre suas realizações com suas percepções, chega a dolorosa e contraditória conclusão: “Vaidade de vaidades! diz o pregador, vaidade de vaidades! é tudo vaidade. Que vantagem tem o homem, de todo o seu trabalho que ele faz debaixo do sol?” Eclesiastes cap. 1 vs. 2 e 3

A alma humana parece mesmo ser irremediavelmente insaciável. Sempre na busca frenética e incessante de novidades que ocupem o lugar do que já se tornou obsoleto e antiquado, pela falta da sensação de: “Plenitude dos Sentidos”, um ídolo que ganhou altar de adoração no coração de tantos que em última análise, estão insatisfeitos consigo mesmo.

A insatisfação cronificada, asfixia e adoece o descontente que não consegue desfrutar do que já está posto como realidade, porque suas emoções estão inconscientemente frustradas pelas imcompletudes agregadas durante sua trajetória de vida.

O insatisfeito é escravizado pelo ciclo vicioso do queixume associado ao desgosto de desejos não realizados, ficando assim refém de um comportamento auto-destrutivo, que o limita a ter uma perspectiva amarga e sem brilho da vida, e de si próprio também.

Você já teve aquela estranha sensação de estar tudo bem em todas as áreas de sua vida, mas algo no seu íntimo dizer que ainda falta alguma coisa?

Pois é, muitos são os que não teriam razão alguma para se sentirem debitados e não recompensados pela vida, são pessoas que possuem um trabalho digno, uma família bem ajustada, uma casa razoável, um circulo de relacionamentos edificantes, no entanto são constantemente azucrinados pelo bichinho da insatisfação.

Não quero aqui entrar no mérito da discussão sobre “insatisfações legítimas” que são expressões do não conformismo com realidades injustas e não produtoras de tudo que é vida, e sim, trazer a tona a reflexão desse sentimento agonizante que incomoda e deforma o semblante do desgostoso, e que é subproduto de vãs aspirações do egocentrismo humano.

É por conta dessa fixação de futilidades que inocula o veneno da maldade, que neuroses, depressões, e vazios existenciais se instalam, e uma vez instalados geram todo tipo de desconstrução de valores que são bons e saudáveis para o espírito humano.

O que nos causa desconforto, é que buscamos motivações exteriores para nos sentirmos satisfeitos, e não nos damos conta ou nos esquecemos com extrema facilidade, que somos a imagem e semelhança do Criador e que, só encontraremos plenitude interior quando submetermos nossos sentimentos e projeções em um relacionamento de amizade, integridade e sub-missão à ELE!

Ao que me parece, Salomão depois de tanto divagar em suas meditações sobre o sentido de plenitude da vida divorciado da ótica Divina, felizmente chega a um porto seguro declarando o seguinte: “Lembra-te do teu Criador, nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos, dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento… De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever (e acrescentando eu: O PRAZER E SATISFAÇÃO) de todo o homem” Eclesiastes cap. 12 vs. 1 e 13.