Um
filme com toques de fantasia infantil que flerta com um estilo Mallickiano de
ser, este aqui se esbalda em seus 90 minutos mostrando o mundo pelos olhos de
uma menina com uma visão singular sobre tudo. Suas falas impulsivas (“quero que
você morra e vou no seu túmulo comer bolo de aniversário”) e seus raciocínios
diretos, precisos e reais (“todo o universo é feito de várias peças que
funcionam juntas; quebre uma e todo o conjunto deixa de funcionar”) fazem o
expectador lembrar de quem ele era (ou como deveria ter sido): uma pequena criatura
com pensamento definido, ainda que em desenvolvimento, objetivo, sem
complicações, ainda que não compreenda plenamente o que ocorre à sua volta,
idealista e com um senso de justiça único onde o preto é preto e o branco é
branco.
É
um filme esquisito e ainda assim poético. Várias cenas são representação
abstrata de como a protagonista vê as coisas e lida com temas como vida, pobreza
(extrema, aliás), crescimento, perda e morte.
Contudo,
gostaria de ter sido mais cativado por este aqui... Talvez seja a correria para
o Oscar que faz você assistir ao filme pensando “tenho que assistir mais ‘x’
filmes para fechar a lista”. Isso sem mencionar a câmera tremida e inclinada,
ótima para fazer a cinetose de alguns viewers (este que vos fala, incluído) vir
à tona, o que pode impactar negativamente na experiência.
4/5