"Um blog que discorre sobre cristianismo, apologética, cinema e outros assuntos desinteressantes..."



quinta-feira, 28 de junho de 2012

Coisas que declaramos crer, mas que provavelmente NÃO cremos



Por Samuel Torralbo

1) Declaramos acreditar que, a bíblia é a palavra de Deus – Mas quantas horas por dia passamos lendo, meditando e aprendendo com a Bíblia?

2) Declaramos acreditar na missão da Igreja – Mas quantas almas ganhamos para Cristo? – O que temos feito realmente por missões? – Quanto tempo passamos em oração pelas almas?

3) Declaramos acreditar que, buscando o Reino de Deus e a sua justiça, as demais coisas são acrescentadas – Mas porque a maioria dos cristãos passam a maior parte do tempo buscando as demais coisas?

4) Declaramos acreditar que existe o inferno – Mas qual tem sido a nossa urgência diante desta declaração em pregar o evangelho de Cristo para regatar vidas da perdição eterna?

5) Declaramos acreditar que existe o céu – Mas porque não vivemos na terra com a alegria, a esperança e a fé daqueles que herdarão a eternidade com Cristo? Uma vez que, infelizmente, muitas pessoas não desejam serem cristãos pelo péssimo testemunho de alguns que cantam “Aleluia para o céu eu sigo caminhando”.

6) Declaramos acreditar que a Igreja é um corpo e uma família – Mas porque muitas pessoas que se dizem igreja, vivem se gladiando e guerreando entre si?

7) Declaramos acreditar no poder da oração – Mas quanto tempo dedicamos a orar e falar com Deus?

8 ) Declaramos acreditar nos estragos causados pelo pecado – Mas quanto vigiamos e lutamos contra o pecado?

9) Declaramos acreditar no arrebatamento da Igreja – Mas porque muitos cristão vivem como se nunca deixariam o mundo?

10) Declaramos ser amigos de Cristo – Mas a declaração de Jesus é está: “Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.” (João 15.14)

Oração: Pai, que as nossas declarações de fé não sejam apenas expressões ideológicas condicionadas à religiosidade, mas que antes, seja realmente a expressão de nossas vidas em gratidão pelo Teu amor revelado em Cristo Jesus, nosso Senhor!

terça-feira, 26 de junho de 2012

Liberalismo Teológico é a causa da apostasia da igreja no mundo


Wesley Moreira
Com base na explicidade dos fatos e acontecimentos atuais, eu estimaria que a apostasia da igreja hoje é provavelmente a maior crise teológica da história da Igreja. Vivemos dias de uma apostasia universal nunca antes testemunhada.
“Ora, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com Ele … Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Tess 2:1-3)
Essa Crise teológica da Igreja é consequência do progresso, durante séculos, da influência da teologia liberal e seu uso da retórica grega na interpretação das escrituras. Os teólogos liberais, diante dos mesmos paradoxos bíblicos que Paulo, o apostolo, se referia como “mistérios de Deus”, preferiram criar respostas lógicas e racionais que os satisfizessem intelectualmente se negando a aceitar as escrituras pela certeza da fé.
Um abismo chama a outro abismo. O resultado do movimento liberalista nos seminários teológicos pode ser observado nas denominações tradicionais americanas que promovem o feminismo e o aborto na sociedade, atribuem autoridade espiritual ao alcorão islâmico, apoiam casamentos gays e ordenam homossexuais ao pastorado, promovem o ecumenismo e são favoráveis, em nome da paz no mundo, à criação de uma religião universal.
A evidência de que o foi a influência do liberalismo teológico a causa da apostasia na igreja está nos dados dessas pesquisas abaixo:
Levantamento feito e concluído pelo sociólogo Jeffrey Hadden entre os pastores nos EUA. Nessa pesquisa dez mil pastores protestantes foram questionados. A pesquisa foi feita em Maio de 1982 (7.441 dos pastores participaram) Os resultados foram publicados em 1998 (1).
1. A Bíblia é a Palavra inspirada e inerrante de Deus?
67% dos Batistas Americanos* disseram: Não
82% dos Presbiterianos disseram: Não
87% dos Metodistas disseram: Não
95% de Episcopais disseram: Não
* Há duas Convenções Batistas nos EUA. Os Batistas do Sul (conservadores) e os
Batistas Americanos (liberais)
2. Jesus nasceu de uma virgem? (3)
Batistas Americanos 34% disseram: Não
Episcopais 44% disseram: Não
Presbiterianos 49% disseram: Não
Metodistas 60% disseram: Não
Luteranos** 19% disseram: Não
** Há duas convenções luteranas nos EUA. A Igreja Luterana (liberais) e a Igreja Luterana do Missouri (conservadores)
3. Jesus era o filho de Deus?
Diante do receio dos pastores em responder a essa pergunta os pesquisadores concederam anônimato às suas denominações. O resultado liberado foi que mais de 80% dos ministros da Igreja Batista Americana, Episcopal, Presbiteriana, Metodista e Luterana responderam que “Não acreditam que Jesus era o filho de Deus” sem no entanto especificar percentagens.
4. Você acredita na ressurreição física de Jesus?
Luteranos: 13% disseram: Não
Presbiterianos: 30% disseram: Não
Batista Americana: 33% disseram: Não
Episcopais: 35% disseram: Não
Metodistas: 51% disseram: Não
Em 2002 outra sondagem (2) feita entre os clérigos da Igreja Anglicana descobriu que 27% não acreditavam no nascimento virginal de Jesus. Os pesquisadores relataram:
“… um desses pastores anglicanos em Hampshire foi típico ao afirmar:” Não há nada de especial no nascimento de Jesus ou na sua infância, mas sua vida adulta foi extraordinária…
John Roberts, porta-voz da Lord’s Day Observance Society, disse:
“Se você retirar o nascimento virginal de Jesus, melhor então retirar toda a mensagem cristã. O milagre da fé cristã é que Deus se encarnou e habitou entre nós. Se você perde esse milagre, você perder a ressurreição e tudo mais”.
Em uma pesquisa feita pela Harris Polls em 1998 com alunos das 16 principais faculdades e seminários evangélicos nos EUA, mais de 50% dos seminaristas entrevistados, disseram que a Bíblia não deve ser tomada literalmente em matéria de ciência e história. Mais de 30% dos estudantes de teologia disseram que há salvação fora de Jesus Cristo. (6) Em 1999 uma pesquisa feita com padres católicos, sacerdotes anglicanos, protestantes e pastores no Reino Unido revelou que 25% não acreditam no nascimento virginal de Jesus. No entanto 97% do mesmo grupo não acreditam que o mundo foi criado em seis dias, e 80% não acreditam na existência literal de Adão e Eva.
A posição do povo é diferente dos teólogos liberais e as denominações dirigidas por eles: (5)
Segundo Princeton Survey Research Associates em pesquisas realizadas em 2004, cerca de 79% dos americanos adultos acreditam no nascimento virginal 67% acreditam que a história bíblica do nascimento de Jesus, que envolve o nascimento de uma virgem, anjos, pastores, a estrela, magos, é historicamente precisa. Apenas 24% disseram que a história bíblica “é uma invenção teológica escrita para afirmar a fé em Jesus Cristo.”
Em 2007 o Grupo Barna em pesquisa apontou que 75% dos americanos acreditam que Jesus nasceu de uma virgem. 53% de pessoas sem igreja e 15% de e agnósticos também acreditam no nascimento virginal de Jesus. Mesmo entre aqueles que se descrevem como a liberais em questões políticas e sociais, 60% acreditam no nascimento virginal.
A corrupção vem do Norte e também de cima. O movimento teológico liberal no Brasil é perpetuado no discurso de teólogos, professores de seminários, escritores e líderes de influência que estão saindo do armário encorajados tanto pelo liberalismo americano quanto pela onda da engenharia social no mundo. Estes líderes tem como público alvo gente cansada da igreja evangélica atual e sutilmente apresentam o liberalismo teológico como solução para o extremos do neopentecostalismo e a teologia da prosperidade. Ninguém se deixe enganar, pois nesse caso o antídoto é mais letal que o veneno.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

[Cinema em Casa] Drive

(Drive, Nicholas Wedding Refn, EUA, 2011)

Eu estava comentando outro dia no Facebook o quanto muitos dos filmes do cinemão hollywoodiano (mais especificamente os filmes de HQ) tem se tornado obras sem personalidade, burocráticas, destinadas a saciar uma vontade momentânea do expectador, totalmente despreocupadas em criar algo mais que a gente possa levar pra casa após a sessão.

Falei sobre isso quando comentei sobre Thor, depois em Capitão América, e, mais recentemente, em Os Vingadores.

E decepcionado com o rumo do cinemão hollywoodiano, eis que me deparo com este Drive, filme elogiadíssimo pela crítica, sendo um dos destaques do Festival de Cannes do ano passado e, claro, ignorado por completo no Oscar deste ano.

Dirigido por um dinamarquês, com pinta de filme dos anos 70 com trilha sonora com cara dos anos 80, Drive mostra a história de um motorista sem nome (Ryan Gosling) que já na sequência inicial mostra o que faz da vida: à noite ajuda assaltantes a fugirem do local do crime e durante o dia é dublê de filmes de ação de hollywood e nos intervalos entre um e outro trabalha em uma oficina mecânica que constrói os carros que serão destruídos depois nas proezas dos filmes americanos. E é nessas idas e vindas que ele se encanta com a sua vizinha (Carey Mulligan) cujo marido está preso. Quando este sai da cadeia e é pressionado por seus "companheiros" a pagar uma suposta dívida, o protagonista se prontifica a ajudá-lo apenas para ser envolvido em uma série de situações inusitadas que mudarão o rumo de todos os personagens.

Bom, não fica difícil pra mim decifrar porque o filme foi tão elogiado. De um clima melancólico, romântico e poético, ele vira uma caçada sem precedentes onde o motorista tão calado, de semblante triste, surpreende revelando uma tendência para surtos de violência que fariam o bom e velho Alex DeLarge (Laranja Mecânica) contorcer-se na poltrona. Não só isso, mas Refn equilibra momentos de tensão com outros incrivelmente calmos e revela uma genialidade ímpar em deter-se em planos em que os personagens apenas se olham, sem dizer qualquer palavra por longos segundos e ainda assim transbordarem uma infinidade de emoções.

E, quando resolve colocar algum diálogo, frequentemente o diretor encaixa alguma música que expresse o que os personagens estão sentindo naquele momento. Em último caso, os atores abrem a boca e quando o fazem, diálogos curtos e primorosos. Nada é perdido ou jogado de qualquer jeito aqui.

Repensando o filme hoje, dois dias depois de tê-lo visto, fico pensando "são coisas como essas que gosto de ver em filmes". Refn, ao contrário de tantos outros diretores que aportam em Hollywood e mamam nas tetas da grande indústria, está preocupado em criar aquele "algo mais" que falei logo acima. Ele desafia o expectador emocional e sensorialmente, seja nas cenas mais melancólicas e românticas, seja nas mais pesadas, onde a violência extrema toma conta.

E essa busca por envolver o expectador emocionalmente fica claro pra mim em sequências maravilhosas como a que o protagonista sai de carro com a vizinha e o filho e andam por um famoso córrego de Los Angeles até pararem em um cenário perfeito para um momento romântico ao som da música "A Real Hero". Nesse momento eu fui fisgado e pensei "o cinema é feito de coisas assim, que podem ou não ter a ver com a narrativa, mas acima de tudo, tem a ver com fazer VOCÊ, que está assistindo, sentir alguma coisa". E demonstrando mais uma vez uma genialidade rara nos dias de hoje, Refn sempre coloca a música certa no momento certo, como na cena supra citada e, ao final do filme, por meio da letra da música, entendemos um pouco mais quem é o anti-herói que acompanhamos nos 100 minutos de filme:

“Contra os obstáculos e as probabilidades
Com força de vontade e uma causa
Suas atividades são chamadas de excelentes
Você é emocionalmente complexo
[...]
Um piloto em uma manhã muito fria
Cento e 55 pessoas a bordo
Todas sãs e salvas
Do navio que afundava lentamente
[...]
Naquela situação sabia o que fazer
E você, já provou, ser um verdadeiro ser humano
E um verdadeiro herói”

Equilibrando leveza e crueza com as cenas de violência - como na impressionante sequência do elevador, que deveria fazer com que todo expectador deseje dar aquele beijo e toda expectadora recebê-lo e concluir com um espetáculo grotesco de crueldade - até o final triste, Drive acaba por obter do expectador emoções intensas, de amor ou de ódio profundo com aquilo que se está vendo. Da minha parte, é cortante perceber que assisti a um filme onde um cara por quem eu não dava nada, revelou ser alguém que ama intensamente e fará de tudo pra proteger aqueles que ama, TUDO mesmo, o que inclusive explica todas as suas decisões... É um personagem perdido na vida, mas que ao mesmo tempo passa tranquilidade e confiança, nunca demonstra desespero e mesmo de forma desorganizada parece ter tudo sobre controle. É calmo mas pode virar um homem extremamente violento. Tem jeito lento mas é o homem mais veloz por trás de um volante. É sério e anti-social, mas passa sensação de calma e conforto no seu sorriso leve e olhar tranquilo. Enfim, um verdadeiro ser humano (para o bem e para o mal)... e um verdadeiro herói.


Que os diretores de cinema que recebem milhões para torrarem em seus filmes burocráticos anotem a lição deixada por Refn neste filme e a ponham em prática. O cinema agradece. 

Reação minha ao subir os créditos...


5/5

(visto em BDRip e lamento ter perdido este no cinema onde a experiência deve ter sido ainda mais impactante)

E pra quem estiver curioso sobre a trilha do filme, segue o vídeo de A Real Hero:


segunda-feira, 11 de junho de 2012

[Cinema em Casa] Batman

(idem, Tim Burton, 1989)

Às vésperas da estréia do novo filme do Homem-Morcego, achei que seria interessante rever o trabalho que o Tim Burton realizou com o personagem, na época elogiado, hoje, salvo raríssimas exceções, odiado ou recebido com estranheza.

Lembro-me de quando vi o filme pela primeira vez no cinema em outubro de 1989. Naquela época, nunca me passou pela cabeça o que o diretor maluco estava fazendo com o herói. E com o passar dos anos, a idade chegando e inúmeras revisões do filme - incluindo esta última - me deparei com a riqueza de subtextos, simbologias e outras coisas sutis que Burton coloca em seu espetáculo estilizado.

Burton encarou o universo do Batman com um olhar singular - e que penso respeita mais a essência dos quadrinhos do que os filmes do Nolan, por exemplo, ao colocar as motivações do herói em xeque, não de forma exposta na narrativa, mas através de elementos da mesma, ações e falas, questionando moralmente o seu protagonista. E isso fica bem claro pra mim quando da revelação que dá início ao terceiro ato do filme - uma mudança em relação aos quadrinhos que deve ter feito muito fãzóide arrancar os cabelos - transformando a jornada do herói em algo pessoal, tornando-o um vigilante mesmo, algo que os quadrinhos anelaram perscrutar (pelo menos os que li, especialmente em O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller).

Nolan, ao contrário de Burton, nunca colocou o seu protagonista em posição duvidosa perante outros personagens, algo que sempre senti falta nos filmes novos e, considerando a abordagem "realista" destes, onde tudo é explicado, penso que questionar a moralidade do herói serviria ainda mais para engrossar o caldo. Mas a partir do momento que você vê Vicki Vale dizendo ao Batman 'admita... você também não é exatamente normal', logo depois dele falar que o Coringa é um psicótico, Burton deixa claro que aquele universo que ele (re)criou não aceita heróis e sim aberrações. E pra mim não há nada mais iconoclasta do que rotular o herói de aberração.

Visto hoje, não fica difícil entender porque o filme, atualmente com 23 anos, é tão execrado. Burton promove um espetáculo do grotesco, uma inversão de valores em um universo onde todos os "is" tem pingos, talvez como um retrato do nosso próprio universo. E pra piorar, o protagonista parece saber disso, que ele é também parte deste processo e ele faz o que faz não porque é diferente, mas porque tem que fazê-lo.

Por fim, Burton retrata um mundo que, ao que parece, pelos olhos dele, não merece redenção. Não há nada mais desestimulante que isso para alguém que senta para ver um filme de herói esperando ver reafirmadas suas convicções sobre justiça e a esperança de um mundo melhor. E, pessoalmente, não há nada mais genial que isso, pois com tal abordagem, o diretor quebra paradigmas e expectativas.

E pensar que este primeiro Batman seria apenas o pavimento para o que Burton faria a seguir com o personagem... É uma pena que o autor foi vencido pelo marketing e pela ânsia da Warner em criar algo mais palatável para todas as idades, dando um "dane-se" para a arte.

5/5

(revisto em DVD)