"Um blog que discorre sobre cristianismo, apologética, cinema e outros assuntos desinteressantes..."



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Preciosidades aprendidas na aula de eclesiologia - Parte 4





- É normal (e bíblico) reconhecermos o valor de homens que deram suas vidas para fundar e alicerçar as congregações onde estamos. O problema é que esse reconhecimento acaba se tornando lealdade à preferência destes homens, preferência esta que muitas vezes não tem base bíblica. Tal lealdade não é bíblica.

- É um problema sério pautar a sua liberdade em Cristo sobre a consciência pessoal do outro.

- Ministério não é igreja, deve ser um braço da igreja local.

- Há igrejas que na verdade são ministérios. Não existe igreja só de atletas ou só de pescadores. A igreja local deve conter TODO tipo de pessoas.

- É natural haver opiniões divergentes. Contudo, onde tem versículo não tem discussão. Você pensa diferente do que o versículo está ensinando/orientando/mandando? Ótimo, mude seu pensamento.

- Se você discorda da igreja com relação à mandamentos bíblicos, sua discordância não é com a igreja, é com Cristo.

- Quando a igreja se ocupa do que é realmente importante (alcançar pessoas, discipular, etc), não sobra tempo nem espaço pra ficar discutindo coisas marginais e acessórias.

- Não existe igreja de grupo específico. O nome disto é gueto.

- Quando Jesus voltar, Ele vai querer nos pegar fazendo o quê? Com quais pessoas?

- Não dá para haver unidade sem diversidade. O sustento do organismo chamado igreja depende disto.

- Não se envolver com o outro não é prejuízo só para o outro, é prejuízo para toda a igreja.

- Como é que Deus vai nos tornar semelhantes a Jesus? É através do louvor? É através da ministração da palavra? Não! É através de situações (geralmente problemáticas) nos relacionamentos. Quando você se ver às voltas com problemas com outro irmão, pense nisso como uma possibilidade que Deus usará para fazer ambos crescerem espiritualmente.

- A igreja não mudará a cultura por se posicionar contra ou favor disto ou daquilo, mas por fazer DISCÍPULOS. Isto porém não significa que ela não deve se posicionar.

- Infelizmente a igreja está mais preocupada em fazer coisas que Deus não mandou fazer.

- Só podemos justificar a nossa retirada de uma determinada igreja local (ou denominação), quando a mesma impede a enunciação ou a prática de nossas convicções BÍBLICAS.

- A denominação nunca é mais importante que a Igreja. Esta será sempre maior que aquela.

- Um organismo tem naturalmente uma organização. Com a igreja é a mesma coisa. O problema é que no decorrer do tempo, o homem tentou (e continua tentando) organizar artificialmente o que já é organizado, resultando na desfiguração da igreja, gerando uma caricatura da mesma.

- É impossível que o cristão cresça espiritualmente à parte do relacionamento com outros cristãos. A frase "é possível haver cristãos infiéis dentro da igreja, mas é impossível haver cristãos fiéis fora da igreja" - é bem verdadeira.

- Devemos lembrar sempre que o nosso crescimento e maturidade cristã sempre são produzidos e MEDIDOS pela qualidade de nossos relacionamentos com outros irmãos.

- A Igreja é o meio pelo qual Deus fará convergir em Cristo todas as coisas. Olhando à nossa volta dá pra perceber o quanto estamos falhando nisso, não dá?

- Se a igreja na qual você congrega fechasse as portas hoje, a comunidade à volta dela, sentiria a sua falta?


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Preciosidades aprendidas na aula de eclesiologia - Parte 3


- Deus está edificando a sua Igreja, promovendo a unidade desta; quando não atrapalhamos Deus (e nós atrapalhamos, e MUITO), dá certo.
- O que acaba com a igreja não é nada que vem de fora (perseguição, problemas financeiros, etc), mas sim os que estão dentro dela.
- Amar é difícil. Pra conseguir amar, você precisa morrer.
- Pergunta: se você tirasse Deus de todas as atividades da igreja mudaria alguma coisa? Cuidado com a resposta.
- A atividade da igreja não é igual a ser igreja. As atividades existem para servir à igreja e não o contrário.
- Pergunta: como você acha que o mundo vê que Cristo ama a sua Igreja?
- Ao lidarmos com qualquer área da igreja, precisamos lembrar o que é a igreja: pessoas.
- Deus quer edificar pessoas e não programas, ministérios ou atividades.
- Se você, crente, não gosta da igreja, você não gosta do Cabeça da Igreja.
- Deus quer nos levar do amor fraternal (gr. filadélfia - 1Ts 4:9-10) para o amor sacrificial (gr. agape - 1Ts 3:12)
- A Igreja é o reflexo de Deus no mundo; o fato do reflexo estar embaçado não muda a verdade de Deus, mas um bom reflexo evidencia quem somos em Cristo e coopera com Deus em trazer pessoas à Ele.
- O mundo só vai verificar o amor de Deus por meio do amor da Igreja.
- As igrejas estão cheias de gente ingrata. As divisões que frequentemente ocorrem são prova dessa ingratidão.
- Como Deus me conquistou será a maneira de eu conquistar outros. (Jo 3:16)
- Muitas vezes temos deixado de espelhar Deus para ofuscá-lo.
- A Igreja, como corpo é indivisível. Ninguém pode colocar alguém na Igreja, nem tampouco tirá-la, pois isso é obra unicamente de Deus. O problema do ecumenismo é justamente querer assumir essa obra.
- Quando você sai da sua igreja, pense que você está dizendo isso à ela: "eu estou certo e vocês estão errados". Tenha a certeza de que você está certo mesmo, biblicamente, porque senão.....

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Preciosidades aprendidas na aula de eclesiologia - Parte 2



- Para pensar: se na minha igreja só tivesse pessoas como eu, como ela seria?

- A Igreja está atrás de decisões; Deus está atrás de corações que querem ser transformados.

- Quando a Igreja se preocupa apenas com decisões de pessoas, está abaixando o padrão de Deus.

- A igreja é fundamentada essencialmente em relacionamentos. Com Deus e com o próximo. Não há espaço 
para quem quer viver isolado ou acha que a igreja local é um clube.

- Se Deus permite a você constatar um problema em sua igreja local é porque Ele quer te usar para tentar resolvê-lo. Jogar a batata quente para outro irmão supostamente mais capacitado é sinal de imaturidade.

- Não é problema ter problemas. Problema é não tratar os problemas.

- Quanto maior e melhor a nossa visão de Deus, maior e melhor será a nossa visão sobre a Igreja. A Igreja não é valorizada e tem sido motivo de piada porque a nossa visão de Deus é pequena.

- A Igreja é a reunião de crentes; isso anula vários conceitos errados de Igreja como "igreja é templo", "igreja é denominação (ou placa)", "igreja é o indivíduo"

- Não há lugar na igreja para a evangelização; o que existe é a responsabilidade de evangelizar e não há motivo para que o evangelismo ocorra SÓ nas reuniões da igreja.

- A igreja é uma reunião em qualquer lugar de qualquer número de crentes.

- Através de Cristo, Deus se relacionou conosco até às últimas consequências. Por causa disso, podemos (somos capacitados para tanto) e devemos nos relacionar com nossos irmãos até às últimas consequências. (Jo 3:16 cc 1 Jo 3:16)

- Está havendo reunião evangelística na igreja porque os membros não estão evangelizando.

- Nas reuniões da igreja, pergunte a si mesmo: "Com quem estive? Com que propósito?"

- Problema na igreja tem nome, endereço, RG e CPF.

- Você quer uma igreja saudável? Trabalhe nos relacionamentos.

- A estatura espiritual de alguém é medida pelos seus relacionamentos e as qualidades destes (1Co 3:3)

- O fruto do Espírito só aparece nos relacionamentos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Preciosidades aprendidas na aula de eclesiologia - Parte 1


- Só existe UMA Igreja verdadeira que é a que Deus vê.
- A Igreja nasceu pensando certo. Mas ao longo do tempo confundiu essência com forma.
- A Igreja não é deste mundo, mas está nele e é enviada a ele e a igreja saudável vive sempre uma "santa tensão": se não viver separada do mundo, se mundaniza, deixando de viver sua vocação; mas se não se envolver com o mundo, se isola e não causa impacto, deixando de cumprir sua missão.
- A igreja saudável é aquela que mantém a visão de que é estrangeira e peregrina.
- O cristão é verdadeiramente contaminado quando ele esquece que é cristão.
- O compromisso com o cabeça da Igreja é manifestado pelo compromisso com o Corpo.






quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Se a sua teologia muda...


"Se a sua teologia muda de acordo ao que acontece no mundo, então ela não está baseada na Bíblia, mas no mundo."

(Leonardo Gonçalves)


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

[Cinema em Casa] BATMAN BEGINS

(idem, Christopher Nolan, EUA, 2005)

Aquecendo para o novo filme do homem-morcego, aproveitei para revisitar os filmes anteriores.

Eu gosto do cinema do Christopher Nolan. Mas devo dizer que o que me atrai mais é justamente a sua capacidade de contar determinados tipos de história do que a forma que ele geralmente as conta. No primeiro aspecto, Nolan me conquista como cinéfilo graças aos seus enredos por vezes intrincados que resultam em revelações quase geniais aqui e ali, nos fazendo pensar nas repercussões daquilo que ele está mostrando e isso fica claro naquele que considero seu melhor filme, O Grande Truque. Já no segundo aspecto, o cara me parece bem expositivo, mais do que deveria, não medindo esforços para fazer seu público entender absolutamente TUDO o que está sendo contado e sair do cinema sem dúvida alguma, como ocorreu em seu penúltimo filme, o intricado A Origem. Talvez seja por isso que o cineasta seja adorado pelo grande público, já que a comodidade oferecida por ele em seus filmes seja extremamente atrativa, afinal, quem é que paga (caro) pra ficar queimando a pestana na sala escura do cinema?

Enfim, no caso de Batman Begins, não há grandes reviravoltas, embora o diretor flerte uma hora ou outra com uma estrutura narrativa não-linear como fez com Amnésia e o já citado O Grande Truque.

Tendo uma missão espinhosa pela frente - apagar da memória do público a péssima experiência promovida por Joel Schumacher com dois filmes horríveis do herói - Nolan se sai relativamente bem. Embora colocar Batman para treinar durante anos no Tibete (!?) seja estranho, focar 1/3 do filme apenas em Bruce Wayne e a sua gradual transformação em Batman que só aparece depois de 1 hora de filme, é um acerto. Nolan também acerta ao abordar o personagem por uma perspectiva mais urbana em uma Gothan City suja, um pouco diferente do cenário gótico bem elaborado por Tim Burton nos filmes de 1989 e 1992. O diretor também acerta em colocar um vilão não caricatural para conduzir a trama e, neste sentido, o ótimo Liam Neeson é peça principal - o que talvez explique sua participação cada vez mais frequente em filmes de ação a partir daqui até hoje - trazendo uma certa "nobreza" ao filme. Neste campo, incluem-se aí a participação de feras como Morgan Freeman, Michael Caine e o mais sumido Rutger Hauer.

Algumas outras idéias são bem exploradas - como a do asilo Arkham ficar dentro de um favelão imundo em uma ilha no meio da cidade, que infelizmente não foi mais explorado e o novo Batmóvel, tirado direto da graphic novel "O Cavaleiro das Trevas" de Frank Miller.

Pra completar, a trilha sonora escrita a quatro mãos por Hans Zimmer e James Newton Howard é nada menos que espetacular, sendo um banquete para cinéfilos como eu, decifrar a participação exata de cada um dos dois nas músicas que compõem a trilha. Zimmer se responsabiliza pelos momentos de tensão, ação e crescendo do personagem ao passo que Howard, como sua especialidade, se concentra nos temas de melancolia que dão o tom do espírito amargurado e traumatizado do protagonista.

Porém, nem tudo são flores. Como dito no início, Nolan se esforça em explicar absolutamente tudo, inclusive cada parte do uniforme do herói tem uma função e uma razão de existir. Curioso tempo esse em que vivemos, onde dizem que o público está mais exigente, quando na verdade esta exigência se mostra pela expectativa não de ver filmes com mais qualidade, mas de ter a trama toda mastigadinha... O cúmulo da exposição narrativa é uma sequência onde Bruce Wayne é confrontado por sua visão egoísta de mundo com um diálogo para lá de óbvio sobre as necessidades da população enquanto o personagem passa por uma quebrada cheia de mendigos, perto do covil do mafioso da cidade.

Como se não bastasse isso, talvez sob pressão de entregar algo que não só os fãs mais hardcore do personagem, mas também o público médio pudesse apreciar, Nolan se entrega sem parcimônia aos diálogos mais pavorosos de sua carreira, certamente cortesia do incompetente David S. Goyer, fãzóide de HQ de carteirinha e co-roteirista junto com Nolan, tais como "você está no inferno, homenzinho... e eu sou o diabo"; "fique calma, você foi envenenada" e momentos de piadinhas deslocadas que mais parecem gags do que algo orgânico destinado a quebrar um pouco da tensão. Certamente o Goyer deve achar que estultices que funcionem no papel de um gibi tem o mesmo efeito em filme. É claro que não tem.

Nolan também mostra uma mão pesada de pedreiro ao relatar a infância do herói, sem sutileza, sem emoção e com um ator mirim ruim de dar dó - a sequência da morte dos pais do Bruce é, inteira, um constrangimento só.

Mas talvez o pior disso seja a visão romântica que Nolan tem deste universo. O diretor parece crer que Gothan City merece sim ser salva. Eu entendo tal postura idealista ser colocada no protagonista - que sim precisa disso para continuar fazendo o que faz, mas penso que neste caso, um impacto dramático maior seria melhor obtido se o diretor fosse cético com relação a isso, não tomando partido, deixando o idealismo apenas para o herói que, mesmo contra todas as probabilidades continuaria lutando pelo que acha ser certo - e estaria aí o verdadeiro heroísmo. Tim Burton raspou nisto, especialmente em Batman - O Retorno mostrando que a esperança de Gothan repousava não nas mãos de um herói mascarado bem intencionado,  mas nas mãos de uma espécie de anti-herói, uma aberração igual aos vilões que combate, quem é tão perturbado quanto toda aquela cidade, o que revela que, na real, a cidade não tem mesmo nenhuma esperança, apenas uma falsa esperança.

De qualquer forma, Nolan, mesmo com este que é seu pior filme (ou "menos bom", como queiram), conseguiu em partes o que queria - apagou da memória o fracasso dos dois filmes anteriores e mesmo com falhas, conseguiu dar uma possibilidade de trajetória digna para o homem-morcego. E isso já é um bocado.

4/5

(revisto em Blu-ray)