Clintão filma com a elegência que lhe é peculiar, mais uma
vez fazendo bom uso da linguagem clássica e tradicional do cinema, não
precisando de arrombos estéticos (como 3D, por exemplo) para contar a história
de J. Edgar Hoover, o todo-poderoso diretor do FBI, tendo fundado este e ficado
no cargo até sua morte em 1972. Lá, modernizou o departamento, fazendo-o a
potência que é hoje, para o bem e para o mal. Perseguiu comunistas,
bolcheviques e desafetos internos, usando o aparato da organização que ajudou a
construir. Viu 8 presidentes entrarem e saírem do cargo, era misógino e,
segundo alguns, homofóbico. Porém, diz a lenda que tinha relações homoafetivas
com seu braço direito, Clyde Tolson.
Não é difícil imaginar porque Eastwood se interessou em
fazer uma biografia filmada da criatura. Narrando seu filme sempre pelo ponto
de vista do protagonista, Clint mostra de forma bem breve e superficial tudo o
que foi exposto no parágrafo acima, gerando um retrato complexo ainda que raso em diversos momentos. Ao
retratar o autoritarismo do personagem e coloca-lo ao lado da relação
subserviente que o mesmo tinha com sua mãe, Clint o humaniza, fazendo o
expectador olhar para aquele canalha com outros olhos.
Contudo, ao tentar abarcar 50 anos de vida e todos os
acontecimentos importantes da vida de Hoover, Clint acaba mostrando um filme
que fala mais do que Hoover fez do que quem ele realmente foi. Sim, é bacana
ver um pedaço de meio século de história americana sendo levado às telas em uma
reconstituição de época impecável. E não ajuda o fato da maquiagem dos atores, à
exceção de DiCaprio, ser quase amadora e te empurrar pra bem longe do filme.
Contudo, apesar dos problemas, J. Edgar é um excelente filme, ainda que inferior ao que Clint vinha fazendo. Trocaria uns 3
filmes indicados ao Oscar de melhor filme por este aqui.
4/5