"Um blog que discorre sobre cristianismo, apologética, cinema e outros assuntos desinteressantes..."



sexta-feira, 13 de julho de 2012

Cinema 2012: PROMETHEUS

(idem, Ridley Scott, 2012)

Ainda vivendo uma certa ressaca com aquela história de filmes genéricos, foi com grata surpresa - ok, nem tanta surpresa assim, como falarei mais adiante - que contemplo o novo filme de Ridley Scott.

Sempre falo que se existisse um céu para diretores fenomenais, Ridley já teria passagem carimbada por causa de dois filmes: Alien - O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner - O Caçador de Andróides (1982). Mesmo com uma filmografia irregular que conta com bons filmes como Gladiador (2000) e Cruzada (2005), intercalados por coisas irregulares como 1492 - A Conquista do Paraíso (1992) ou Rede de Mentiras (2008) e flertando pesado com aberrações como o novo Robin Hood (2010), Ridley sempre mostrou ser um bom diretor com faro para criar visuais incríveis.

Voltando para o gênero que nunca deveria ter saído - e que gerou seus dois melhores filmes já citados acima - Ridley retorna à boa forma de antes, mostrando que sim, merece uma vaga naquele céu hipotético.

Prometheus se passa no universo de Alien, tem o visual do filme de 1979, créditos iniciais iguais aos do filme de 1979, clima do filme de 1979, uma protagonista à altura da heroína do filme de 1979, mas não é o filme de 1979, não o continua, nem mesmo o repete. Talvez esteja aí o seu grande trunfo: revisitar aquele universo fascinante - que foi vilipendiado pela Fox com os absurdos e horrorosos Alien vs Predador 1 e 2 - e criar uma história que aponta para outra direção, sem se comunicar diretamente com os filmes anteriores ou depender deles para existir, sendo como obra autônoma, ainda que colacione referências ao imbatível filme que Ridley dirigiu há 33 anos.

Mas nem tudo são flores... Seguindo uma tendência irritante e que está se tornando hábito do diretor, há problemas narrativos especialmente na passagem do segundo pro terceiro e caótico ato que sugerem uma edição feita às pressas, com cortes de várias cenas importantes que, dizem, figurarão em alguma futura super-mega-blaster versão do diretor a ser lançada em Blu-Ray e DVD. E é claro que o mané aqui vai comprar essa edição...

Contudo, talvez o mais importante a ser notado aqui é que, mesmo com suas falhas, Prometheus não segue o caminho de Vingadores e outros filmes genéricos que vem me tirando do sério há um tempo... Há aqui, como em Drive, a intenção de se criar algo que fique com o expectador após a sessão e não apenas uma montanha russa alucinada de 2 horas de duração. Ridley bateu o pé pela censura - que recebeu R nos EUA, ou seja, menores de 17 anos só entram na sala acompanhados de papai e mamãe (imaginem esta cena aqui no Brasil); brigou pela escolha da atriz que fez a protagonista (a esfuziante e tampinha Noomi Rapace) e pelo destaque do filme, Michael Fassbender, o ator da moda, no papel do melindroso andróide David. Estes elementos e mais todas as questões levantadas e não respondidas de propósito pelo roteiro - seja porque os caras planejam uma sequência, seja para fazer o expectador pensar um pouco mais e tirar suas conclusões, whatever - e a forma como Ridley conduz tudo numa calmaria impressionante para depois descambar para o caos absoluto, mostram que sim, o cinema hollywoodiano quando quer, sabe entregar filmes que querem significar algo mais que 2 horas no escurinho do cinema comendo pipoca e se atrapalhando com os óculos 3D.

Infelizmente, parece que o público (e a crítica) prefere o genérico ao invés do autêntico (ainda que falho)...

4/5

Nenhum comentário:

Postar um comentário