Seguindo
a tendência de refilmar tudo o que é possível refilmar, resolveram dar nova
chance ao personagem de obscura HQ britânica que poucos conhecem depois do
fiasco estrelado por Stallone em 1995. E que surpresa. Quase nada do filme
anterior resta aqui, senão o personagem em si. Com censura 18 anos, este filme
– que penso ser britânico mesmo, com pouca ou nenhuma intervenção de Hollywood
– é surreal, pesado, sujo, sanguinolento... e simples. Lendo alguns reviews na
internet, fiquei espantado em ver como as pessoas estão reagindo de forma
impressionante à violência gráfica do filme. A coisa é feia MESMO. E em 3D fica
ainda mais impactante (ou repulsivo, escolham). Mas ao que consta, os
quadrinhos de Dredd são assim, então...
Na
história, o Juiz que tem autoridade de julgar, sentenciar e executar a sentença
no ato, vai com uma jovem que está em “estágio probatório” atender uma
ocorrência de um triplo assassinato em um cortiço vertical de mais de 200
favelas, dominado por uma ex-prostituta que comanda toda a produção de uma
substância conhecida como “slo-mo” que provoca no usuário a sensação de que o
tempo corre a 1% da velocidade normal. Lá chegando, são presos dentro do enorme
cortiço e encurralados pela gangue da dita que manda serem executados por quem
os verem, sob pena de qualquer favelado que, podendo obedecê-la, não o fizer,
seja também morto com requintes de crueldade. A partir daí o filme bebe na
fonte de obras primas como Assalto à 13ª DP do mestre John Carpenter e, em
certo ponto, o espanhol [REC], para criar um clima sufocante por extasiantes 90
minutos que parecem uma eternidade, dada a tensão criada.
E
dá-lhe violência estilizada e crua num espetáculo sanguinolento cuja falta de
misericórdia para com os bandidos faz Tropa de Elite parecer quase que uma
brincadeira de criança.
Dredd
não faz concessões, coloca todo mundo sob risco de morrer dentro daquele
inferno – inclusive os protagonistas – tornando a experiência de vê-lo
angustiante e por isso mesmo tão bom.
Em
uma época onde os filmes de ação – especialmente as adaptações de HQ – são
pautados pela derivação e pela hesitação em chocar visualmente a plateia, Dredd
ousa como poucos e isso deve ser reconhecido. Que venha a continuação...
4/5
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