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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Cinema 2012: Titanic 3D

(Titanic 3D, James Cameron, EUA, 1997/2012)


Eu não gosto de filme convertido de 2D para 3D. O processo de conversão quase sempre resulta em uma mistura indigesta de um 3D pra lá de fake em parcos momentos, com domínio quase pleno do 2D. No fim, paga-se mais caro por um "feature" do filme que não existe.

Lembro quando assisti "Up - Altas Aventuras", o primeiro filme com esse novo 3D que lembro ter visto no cinema. E em uma das cenas não resisti e tirei os óculos e lá vi a imagem achatada, sem os borrões típicos que denunciam tratar-se de um filme em 3D.

Foi finalmente com Thor, que me disseram ser uma boa conversão para o 3D "nos créditos finais", que decidi que nunca mais pagaria pra ver um filme convertido em 3D, pelo menos os lançamentos, cujo processo de conversão, em razão da pressa e prazo para se lançar o filme nos cinemas dura em média 3 meses - o que em se tratando de QUALQUER filme, não é nada.

O que nos leva a Titanic. O megasucesso de James Cameron que o colocou sob os holofotes (para o resto dos mortais porque para os cinéfilos ele está sob os holofotes desde 1985), e hoje megaodiado foi relançado aproveitando a onda 3D que assola 9 entre 10 filmes do cinemão hollywoodiano lançados hoje.

Qual a vantagem aqui? Qual a atração de se ver uma conversão destas e não ver um Vingadores, por exemplo, atualmente em cartaz com cópias em 3D?

É simples. Cameron mostrou em 2009 com Avatar que a tecnologia 3D não só poderia ser melhorada como poderia (e deveria) ser usada como mais uma ferramenta narrativa e não apenas como mera muleta para jogar objetos - geralmente pontiagudos - na cara da platéia.

Por isso, quando foi anunciado que Titanic seria relançado em 3D para comemorar os 100 anos da tragédia, pensei "ok, talvez seja a redenção para a conversão do 2D para o 3D", porque o processo inteiro estaria sob supervisão do próprio diretor que é justamente quem nos trouxe a possibilidade de poder curtir o 3D como algo mais do que mera atração estética do filme.

E considerando ainda a imensa decepção que senti com Star Wars Episódio I relançado 2 meses antes - e que representa bem a TRAGÉDIA do que é a conversão do 2D para o 3D (em breve um post - atrasado, é vero - falando sobre isso), fui encarar Titanic com um sentimento misto: esperava a redenção mencionada, mas ainda assim ficava receoso, afinal, gênios também erram, não é tio George?

Enfim, ainda bem que estava enganado e, sim, há esperança para o processo de conversão do 2D para o 3D.

Como Avatar, esta nova versão do Titanic te coloca dentro daquele universo em uma experiência imersiva que só não é mais visceral que o filme dos smurfs de 3 metros de altura por causa das limitações inerentes à conversão (sim, pq a melhor conversão para 3D nunca chegará aos pés de um filme filmado originalmente em 3D). E, neste sentido, revê-lo no cinema após tantos anos (e tendo visto-o diversas vezes em VHS e DVD no decorrer desses anos) foi quase como viver aquela experiência pela primeira vez. Ainda me lembro vividamente como foi assistir ao filme em uma sala lotada no final de 1997. Peguei a última sessão (acho que era 21hs) saindo perto das 2hs da manhã. E me sentia como um sobrevivente do malfadado navio.

Esta sensação se repetiu mês passado e, particularmente, gosto muito quando isto ocorre pois mostra a força que um filme tem em mexer conosco. Ainda mais um filme como este que, fruto de sua época, perigava não sobreviver tão bem como outros do mesmo gênero.

Há alguns anos, lembro-me que em vários comentários que via na internet sobre o filme, o tom era de uma tentativa pífia de fazer uma história de amor realmente relevante, com o filme se apoiando sobre clichês e momentos cheesy, sensação essa amplificada pela música melosa da Celine Dion que hoje, ao que parece, muitos amam odiar.

Bem, penso que o Cameron quis fazer isso mesmo, um filme excessivamente melodramático, não há nada de errado nisso, ao contrário, o filme se assume assim. Contudo, o cara embala isso com um verniz de espetáculo que remete exatamente aos grandes épicos hollywoodianos que sim, também são melodramáticos. E fazer o casal protagonista participar de todo o processo de naufrágio do navio até o último momento, o cineasta coloca o expectador para acompanhar tudo isso de perto, fazendo ele passar pela mesma experiência de tentar sobreviver àquele caos todo.

E, claro, pra completar, tem todo o mito por trás do navio, sendo ele hoje um cemitério aquático a 4km de profundidade, tendo Cameron descido até lá para filmar o navio verdadeiro e apresentar esse material em seu filme ajuda, principalmente depois da divulgação recente de imagens com restos mortais dentro do navio. Muitas pessoas falam não gostar dessas coisas, mas não duvido que pararam pra dar uma espiada nas fotos. Eu dei... =P

Titanic não é um filme complexo, nem quer ser. A bem da verdade é bem simples e essa simplicidade é necessária para que o filme se relacione com o espectador naquilo que realmente interessa: promover um espetáculo visual e emocional por 3 horas e 15 minutos. Cameron atingiu esse objetivo.

Quanto ao 3D, ainda resisto à conversão, mesmo após o sucesso de Cameron aqui, uma vez que entendo que o processo deve ser supervisionado do começo ao fim pelo diretor e demanda TEMPO, coisa de pelo menos UM ANO e não alguns meses como vem sendo feito. Portanto, daqui pra frente só verei alguns poucos filmes, aqueles que é perceptível o envolvimento de gente certa no processo e não como mais uma forma de arrancar dinheiro do imenso público que ainda prefere ver filmes no cinema a baixá-los em seus PCs.

Que os cineastas e, principalmente, os executivos de Hollywood percebam isso e se toquem da ferramenta que têm nas mãos. Ok, sei que estou sonhando um pouco e que mudanças só haverão quando os caras sentirem isso no bolso, mas a esperança é a última que morre. Que venha Star Wars Episódio II em 2013.

5/5 (filme e conversão)

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