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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

[Cinema em Casa] BUSCA IMPLACÁVEL

(Taken, Pierre Morel, EUA/FRA, 2009)


Quando eu tinha mais ou menos 11 anos, estava andando em um shopping em São Paulo. Se me lembro acho que estava com meu irmão e um primo. E usava um boné do Boston Celtics, naquela fase da vida em que um pré-adolescente fica louco para usar coisas de times que diz torcer (mas não torce) e esquece pouco tempo depois. Pois bem, lembro que senti um moleque – creio de uns 16 anos – passar a mão pelo meu boné, arranca-lo e leva-lo. E este que vos escreve abriu o berreiro no meio do shopping para não ser acudido por ninguém enquanto o meliante saía fora... Voltamos para o carro e meu pai perguntou o que havia acontecido. Explicado e saindo do shopping nos demos de cara com o meliante. Meu pai desceu do carro, abordou o infeliz e antes que este se desse conta de com quem estava falando, meu pai tomou-lhe o meu boné e, da mesma forma furtiva, deixou o moleque falando sozinho.

Este evento, que eu já tinha esquecido há muito tempo, voltou como se tivesse acabado de ocorrer conforme eu ia assistindo este Busca Implacável. Liam Neeson faz o pai dedicado e zeloso, com fama de paranóico, que destrói meia Paris em busca de sua filha seqüestrada por canalhas que raptam estrangeiras para tráfico e prostituição de mulheres, determinado a fazer mingau dos mesmos. Durante os 93 minutos de projeção eu vi meu pai ali, que passaria por cima de tudo e de todos para proteger/defender sua cria.

Talvez seja por isso que o filme acabou emplacando com um sucesso cult, sendo uma versão atualizada – e melhor, do clássico Desejo Para Matar, onde Charles Bronson interpretava um Jason Voorhees com arma de fogo. Bryan Mills não é apenas um super agente aposentado, no melhor estilo James Bond. Ele é, acima de tudo, pai. E exercendo essa que talvez seja a melhor profissão de todas, o cara acaba se tornando um verdadeiro super-homem e precisa mesmo para que o expectador possa torcer com todas as forças por ele. E isso acontece de forma bem orgânica, sem forçação de barra. E essa pegada acabou pegando pesado... Quando se coloca o pai no meio, qualquer cineasta sabe que está mexendo com algo extremamente visceral na vida de qualquer um, inclusive eu.

Bola dentro de Luc Besson (autor do roteiro) e de Pierre Morel que se revelou uma grata surpresa aqui, mas logo depois mostrou com o quase horroroso Dupla Implacável que, no seu caso, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar.

(visto em mkv)

4/5

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