(The Dark Knight, Christopher Nolan, EUA, 2008)
Superados os obstáculos
iniciais propostos por Batman Begins, Nolan se lança nesta sequência de forma
ousada, testando os limites não só seus como realizador, mas também dos
personagens e daquele universo. E o resultado, embora não sendo 100% perfeito
todo o tempo, é muito superior ao filme anterior e coloca este O Cavaleiro das
Trevas quase no topo da lista dos grandes filmes baseados em HQ.
Se há algo aqui que me
impressiona e Nolan é digno de palmas por causa disso, é o fato de que o diretor
abandona, pelo menos durante a maior parte do tempo, aquela idéia ingênua do
primeiro filme de que Gothan City merece ser salva. Aqui, a idéia é outra: a
cidade precisa ser salva. Parece ser
a mesma coisa mas não é.
Introduzindo um vilão de peso totalmente
desprendido de regras ou de algum código moral de conduta, Nolan simplesmente
solta um carro em alta velocidade descendo uma serra em direção à praia e
Batman é, em tese, o único freio que pode parar este carro. E nisso, o diretor
é extremamente feliz e coloca o seu filme em um outro patamar, mais denso e
mais tenso e, da mesma forma que vai se afastando mais e mais do que Burton fez
em 1989 e 1992 (o Joel Schumacher não conta), ao mesmo tempo aproxima-se deste
em olhar para aquele universo com um olhar cético, deixando o herói sozinho em
seu idealismo.
Pra variar, nem tudo são
flores. Mandando o David S. Goyer ir ler HQs em outra esquina, Nolan se livra
de quase todos os horrorosos diálogos do filme anterior, mas ainda há pérolas
aqui, mas são poucas. Não sendo o bastante, a máfia tão ameaçadora, é
caracterizada de forma banal com mafiosos que mais geram risos do que medo,
talvez pra não ofuscarem a presença imponente do Coringa.
E, como dito acima, por alguns
minutos, Nolan se entrega novamente àquela visão ingênua de Begins, na
sequência das barcas.
Mas no final das contas, isso
não chega a macular o resultado, já que até chegarmos aí, coisas já
aconteceram, o Coringa já tocou o terror na cidade e o Batman está finalmente
vendo o preço que tem que pagar pela decisão que tomou e decide pagar esse
preço. E isso fica evidente na última cena onde o herói já cansado e
vulnerável, foge de todos e desaparece na sombra com a pecha de maldito, pois,
como bem dito pelo Comissário Gordon (Gary OIdman), “ele não é o herói que
Gothan merece, mas o herói que Gothan precisa”. Uma bela maneira de terminar
qualquer filme que seja; sendo um filme de super-herói, o desfecho é ainda mais
impressionante.
(revisto em Blu-ray)
5/5
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