Não
é difícil entender porque Argo está concorrendo ao Oscar. Trata-se de mais uma
história sobre vitória e sobre vencedores que os EUA já contaram inúmeras vezes
e de tantas formas.
Há também o fato de termos um ator por trás das câmeras dirigindo, outra coisa que a Academia adora.
Ainda
assim, avaliar Argo só por esses prismas seria injusto, até porque trata-se de
uma senhora vitória e com bons vencedores em um momento difícil da nossa
história recente, dirigido por um ator que melhorou muito e agora está se consolidando em uma função mais "nobre".
Seguindo
todas as regras de um bom filme desse naipe, Ben Affleck mostra que entende do
riscado, ainda que entregue um filme “by the book”. O cara sabe pontuar cenas
tensas que podem te fazer roer as unhas com momentos de exposição histórica
relevante, fazendo relembrar aqueles dias do finalzinho de 1979/início de 1980,
os quais eu sequer me lembro, já que era recém nascido. E se há pelo menos uma
cena no filme que mostra o talento dele atrás das câmeras, sem dúvida é aquela
que contrapõe a leitura do roteiro absurdo do filme de mentira que dá nome ao
título deste filme, o verdadeiro, perante uma imprensa ávida por divulgar o lançamento
de mais um filme hollywoodiano, com cenas onde os reféns são torturados na
embaixada tomada pelos iranianos. É os EUA fazendo o que sabem fazer melhor:
mentir com toda a pompa que o dinheiro pode comprar para limpar uma sujeira que
nunca deveriam ter feito – mas que sempre fazem.
O
filme também coroa a maturidade de Affleck como ator, já que ainda não me
desceu completamente os tipões imbecis que ele viveu em tantos filmes com a sua
atuação de pedreiro (hello, Armageddon, alguém?).
E
houve um sabor extra: como o filme está sendo relançado por causa do Oscar, a
cópia já estava bem gasta o que caiu como uma luva para um filme cuja história
se passa em 1980. Cheiro de mofo domina.
4/5
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