Primeiro
concorrente ao Oscar deste ano visto. E que filme! Ang Lee explora boa parte do
potencial visual de sua história (e do 3D) e cria uma obra que quase chega ao
sublime. Se o filme fosse só a questão técnica, já seria um filmaço, mas o plot
do garoto indiano hindu-cristão-muçulmano que sobrevive ao naufrágio que mata a
sua família e tem como única companhia um tigre que quer jantá-lo tem aquela
pegada humana cativante que faz a diferença.
Apesar
da confusão teológica, o filme retrata uma tolerância inaudita e muito bem vinda, com
céticos e crentes demonstrando respeitando-se uns aos outros. Dificilmente
haverá num cinema um ateu tão respeitável e gente boa como o pai de Pi, o que
certamente deve ter desagradado muitos neo-ateus, inclusive alguns críticos que
se acham acima do bem e do mal e que vem na religião o mal humano que precisa ser esmagado como um inseto com a máxima urgência.
Não
é o melhor filme da história – e tampouco penso que quer sê-lo, mas o desbunde
visual que transborda da tela compensa o caríssimo ingresso da sessão 3D. E
mostra mais uma vez que um diretor autoral manuseando a tecnologia 3D só pode
ter como resultado uma experiência única.
4/5
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